O mundo se despedaça

Okonkwo é um líder nigeriano da tribo Igbo. Ele tem várias convicções que são fruto de uma tradição da sociedade em que vive. A chegada do europeu  mexe com tudo isso. Mudar não é fácil. Lidar com pessoas que não se interessam com tais tradições, não se importam com as pessoas que estavam lá antes da sua chegada é uma tarefa bem difícil. O mundo se despedaça (publicado pela Companhia da Letras e que foi distribuído para os assinantes da Tag curadoria) mostra como este encontro pode ser devastador. A obra de Chinua Achebe, considerado um dos principais autores do século XX, foi publicado pela primeira vez em 1958 e teve mais de dez milhões de cópias no mundo sendo  traduzida para mais de 45 idiomas.

Todo livro é um desafio mas acho que livros que tratam de culturas tão diferentes da nossa nos proporcionam um desafio a mais tendo em vista que temos que, para entrar na história, compreender a lógica daquela sociedade. Especialmente com relação a este livro isso quer dizer compreender a relação com o sagrado, com a natureza além de sua estrutura de normas e leis. Compreendido isso é refletir e ter um olhar de empatia para aquela comunidade que viu tudo o que conhecia e sabia ser retirado de si de maneira violenta, mesmo que nem sempre seja uma violência física.

Ao mesmo tempo mostra que há a possibilidade de construir pontes ao invés de muros. Mas para isso não se deve calar o outro e afirmar que só o que está sendo apresentado é o certo, desconsiderando tudo o que o outro sente e sabe. Não é a toa que Mandela disse que Chinua Achebe é“ um escritor capaz de derrubar prisões e muros”.

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