Uma mulher livre que não entendia as burocracia que organizam a sociedade. Para além disso ela não entendia os motivos que levam a burocracia a ditar certas condutas de tratamento e de relacionamento. Esta é Gabriela, cravo e canela. Uma mulher simples que questiona com simplicidade temas que para a sociedade são super complexos. Esta personagem foi apresentada por Jorge Amado para o mundo tendo falado alemão, norueguês, francês e tantos outros (foram cerca de 30 idiomas).
Gabriela não foi a primeira obra que li de Jorge Amado mas lembro do impacto que me causou. Em parte porque o li acompanhando sua última adaptação para a TV Globo mas também porque sua leitura me foi recomendada por um professor francês que encontrei durante uma viagem. Aquele senhor me disse que sabia que no período que estivesse no Brasil estaria passando a novela por isso resolveu ler o romance pela quinta vez (três vezes em francês e duas em português). Neste momento eu pensei: por que eu nunca li este livro? Acho que isso me fez ler a obra com mais atenção, mais dedicação. Depois de lida a obra a música ficou tão mais linda, fez tão mais sentido. Sempre vi o refrão da música como uma crítica a personagem (admitir que ignorava certos fatos não é um problema).
Gabriela (publicado em 1958), assim como Dona Flor (1966) e Tereza Batista (1972), é uma crônica de costumes. Além disso, alguns tipos se parecem com personagens que aparecem em outras obras como a figura de coronéis, mulheres sensuais e personagens populares. Esta crônica de costumes incomoda. E eu fico pensando que se incomoda agora, no século XXI imagine nos anos de 1950?
Depois de ler este livro descobri algumas curiosidades. Selecionei aqui cinco:
1. Mudança: foi com o dinheiro que Jorge Amado recebeu do sucesso de Gabriela que ele materializou a mudança que a família fez para a Bahia.
2. Nome de Gabriela: O nome da personagem principal surgiu de uma visita que Zélia Gattai fez a uma amiga que havia ganhado bebê a pouco tempo. Jorge perguntou a Zélia o nome da menina e ela disse Gabriela (uma pequena confusão explicada em Chão de Meninos por Zélia Gattai) e ele achou lindo para o nome desta personagem.
3. Três adaptações para a TV e cinema: a obra foi adaptada primeiro para a TV Tupi (1960) posteriormente a Rede Globo adaptou outras duas vezes (1974 e 2012). Em 1983 foi adaptado para o cinema.
4. Sucesso do livro e da novela: a primeira adaptação da Rede Globo fez muito sucesso no mundo todo. Zélia conta em Chão de Meninos que em uma viagem a Portugal o casal encontrou um menino que chamava pelo gato que chamava Nacib ao ser perguntado porque o animal tinha este nome o menino respondeu: “Porque é macho se fosse fêmea seria Gabriela”.
5. Edição americana: publicado nos EUA pela Editora Knopf a apresentação da obra de Jorge Amado foi feita por Alfred Knopf, diretor-presidente da editora e “personalidade respeitada nos meios literários; durante vários meses (Gabriela) esteve nas listas de best-sellers dos Estados Unidos”.
Outras impressões que registrei:
sobre as obras de Jorge Amado e sobre as obras de Zélia Gattai
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