Confesso (como já fiz algumas vezes) que vários clássicos da literatura brasileira nunca tinham passado pelas minhas mãos (salvo, claro, os que li no Colégio). Mas ultimamente a vontade de fazer leituras destes autores está me consumindo. Por isso Jorge Amado está tão presente, Chico Buarque, Jô Soares e Dias Gomes.
Conhecia o autor de telenovelas (é só lembrar de Odorico Paraguaçu interpretado pelo querido Paulo Gracindo). Também tinha algumas ‘visões’ de José Mayer carregando a pesada cruz de O Pagador de Promessas, mas não conhecia direito a obra, o enredo (mas tinha uma foto, feita in loco, da Igreja de Santa Barbara, em Salvador - a foto deste post). Também sabia o que muita gente sabe que Alfredo de Freitas Dias Gomes foi casado com Janete Clair e que nasceu em Salvador (e morou em Cachoeira – cidade do interior da Bahia).
Ai, tempos atrás, quando trabalhava em uma escola, fui chamada pela professora de Literatura (que por acaso foi a minha e eu a amava) para registrar a encenação de um grupo de alunos de O Santo Inquérito. Amei o enredo! Ela me emprestou o livro. Quando cheguei em casa meu marido disse que tinha na nossa prateleira (veio no enxoval dele) e que além de O Santo Inquérito o volume vinha com O Pagador de Promessas. Amei a ideia e parecia que naquele mesmo instante eu o(s) devoraria. Devolvi o livro para minha professora e, acho que justamente por causa desta devolução, não fiz a leitura imediata das obras.
Mas finalmente chegou o grande dia e finalmente peguei o volume 1 da coleção Dias Gomes – Heróis Vencidos (Editora Bertrand Brasil). O livro é bem completo. Além das duas peças teatrais tem uma vasta análise que, particularmente, aconselho que seja lido depois das obras propriamente dita, já que, por vezes quebra a surpresa dos textos. Por causa desta leitura antecipada não me surpreendi com as peças teatrais que li. Mas posso dizer que fiquei angustiada. Nossa, ninguém entendia o que os personagens principais diziam e parecia tão claro.
Tanto em O Pagador de Promessas como em O Santo Inquérito a questão da intolerância religiosa fica muito clara e é óbvio que em vários momentos me perguntei sobre a validade da religião como a temos hoje. Ela parece estar no mundo para que nos sintamos seguros, mas, em muitos momentos, não é assim que nos sentimos diante dela. Aliás, minhas últimas leituras foram muito questionadoras neste sentido (o do esclarecimento e o do questionamento).
Os personagens principais eram tão simples, tão inocentes (como nem sempre podemos ser em um mundo como o nosso.
Especialmente em O Pagador de Promessa a questão da imprensa é abordada com grande primazia. O que é notícia? Como o jornalista ‘cria’ a notícia? O que é verdade? O que é realidade? Por baixo, estas são perguntas que se faz com base na figura do repórter.
Foi ótimo ter lido estas duas obras. Gostaria muito de conseguir ler O Bem-Amado e rir um pouco com “povo de Sucupira”.
Maravilhoso post... O pagador de promessas, na parte em que Dias Gomes fala do repórter, tudo a ver com as teorias construcionistas do Jornalismo, que veem as notícias como uma construção social.
ResponderExcluirHoje lerei O Santo Inquérito, se a Celesc permitir (episódio da falta de luz que contei, lembra)?
Beijo!!!!
Verdade Marília. A imprensa está muito presente nesta obra. Leia O Santo Inquérito, vais gostar e depois apareça por aqui. Um abraço
ResponderExcluirSó faltou divulgar que nesta mesma escadaria o músico baiano Gerônimos faz, todas as terças, o seu show O pagador de promessas. Vale a pena conferir! Muito bom o texto e a leitura também. Beijos
ResponderExcluirGuto Geraldes, não coloquei porque esqueci o nome do show e assim tinha um motivo para mais um cmentário. Obrigada pela visita e volte sempre.
ResponderExcluir