O menino grapiúna

Quase sempre, quando leio um livro, fico me perguntando de onde vem a inspiração para a construção daqueles personagens. Conhecendo um pouco da obra do autor acabamos percebendo características que se assemelham entre elas e aí parece que a questão se amplia. Essa sempre foi uma das perguntas que fiz ao ler alguma obra de Jorge Amado. Como ele consegue conduzir com maestria certos personagens que parecem ser tão complicados e apresentar mundos que, ele próprio, não viveu e nunca conseguiria viver (uma mulher, por exemplo). E para minha alegria encontrei um pouco da resposta que eu queria sobre Jorge Amado no livro O menino grapiúna, publicado pela Companhia das Letras.

A obra foi publicada pela primeira vez em 1981 e traz um pouco das memórias de infância do autor baiano. No livro o autor localiza características de personagens que aparecem com frequência em sua obra. “Se alguma beleza existe no que escrevi, provém desses despossuídos, dessas mulheres marcadas com ferro em brasa, os que estão na fímbria da morte, no último escalão do abandono” (p. 31). Esses despossuídos aparecem na vida de Jorge Amado desde muito cedo e de vária maneiras. Talvez por isso estes são personagens tão importantes e tão profundos na obra deste autor baiano.

Em O menino grapiúna também é possível perceber o motivo do cacau ser peça tão relevante, chegando a ser nome de um dos livros do autor. A mesma coisa acontece com a dualidade entre interior e litoral que aparece com frequência.

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