Flicts: o mundo das cores

“O mundo não é uma coleção de objetos naturais, com suas formas respectivas, testemunhadas pela evidência ou pela ciência; o mundo são cores” (crônica O coração da cor, de Carlos Drummond de Andrade, publicada no lançamento de Flicts, em 1969).

Quase sempre, quando sou convidada para uma festa de criança, por exemplo, procuro levar para o pequeno anfitrião algo que nem todo mundo pensa em dar de presente de aniversário: livro. Não sei se já deu para perceber mas eu os adoro! :)

Flicts eu conheci assim. Vi a capa, o nome e o autor: Ziraldo, para mim não devia ser uma literatura ruim (afinal, um dos livros que mais marcou a minha infância foi O Menino Maluquinho). Quem me acompanhou na compra do primeiro presente deste tipo disse “realmente este livro é muito bom, fala de cores, bem interessante”. Acho que foram uns dois presentes com o mesmo título até que eu disse “agora chega! Quero um para mim!”.

Estava me enrolando para ler, não que não quisesse mas é que parecia que algumas coisas eram mais urgentes (estou falando aqui de textos teóricos mesmo). Dia desses, em uma noite mais tranqüila achei na ‘terra do nunca’, que é a minha sala de livros, o tal do Flicts olhando bem sério para mim! ‘Vais me deixar aqui muito tempo?’, ele parecia perguntar. Peguei-o. Li em menos de uma hora e foi uma experiência incrível. Não existem muitos desenhos como ilustração, são cores e formas que dão vida à história. São elas que ilustram o que as palavras dizem. Aliás, as palavras, de certa forma, também fazem parte da ilustração. Simplesmente genial! Não é a toa que encantou o editor Fernando de Castro Ferro que analisou o material levado pelo cartunista (aliás, só para comentar, a primeira de Ziraldo direcionado para o público infanto juvenil).

A edição que eu tenho (da editora Melhoramentos) comemora os quarenta anos de lançamento da obra por isso é rica em informações do livro como edições internacionais, comentários...

Uma coisa legal é que Ziraldo não esperava escrever para crianças, foi desafiado a isso. Fernando de Castro Ferro disse que publicaria uma coletânia com cartuns do artista se ele, antes, produzisse uma obra para crianças. Ziraldo disse que já tinha e que precisava de quinze dias para preparar os originais. Ele sabia que não teria tempo para preparar as ilustrações. Foi quando se deparou com um outdoor que mostrava uma foto do solo lunar (1969 ano de chegada do homem a lua). Bingo! Seis semanas depois dez mil exemplares do primeiro álbum infantil totalmente colorido do Brasil aparece para o público.

É simplesmente maravilhoso! Acho que meus presentes foram legais!

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